15/08/2021 às 16:42 História da Fotografia

A EVOLUÇÃO DAS ARTES GRÁFICAS

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O ato de "fazer jornal" está diretamente dependente das transformações tecnológicas. Em relação a história das artes gráficas, o jornalismo é uma função recente. No início do século XVII aparecem os primeiros periódicos, já o surgimento da profissão demarca a partir da Revolução Francesa no final do século XIII, esse período de quase 200 anos é considerado a pré-história do jornalismo.

O alemão Johnanes Guttenberg, considerado "pai da imprensa" inventou a prensa de tipos móveis que são símbolos entalhados em madeira, mecanizando a produção de impressos e produzindo o primeiro exemplar da Bíblia em 1439, uma das criações mais importantes do segundo milênio, colocando base para a Revolução Industrial e permitindo a divulgação de conhecimento para todo o planeta. Há também registros na China em 1040 de experiências com o recurso de carimbar os ideogramas em superfícies. Olhando para uns 30 mil anos atrás, podemos observar as pinturas rupestres como registros ancestrais, onde se criavam símbolos para representação do cotidiano.

No século XVII, na pré-história do jornalismo, os jornais eram feitos de forma artesanal, produzido por um único profissional, sendo a estrutura muito semelhante à um livro, com assuntos sobre avisos de desastres, mortes, seres deformados, etc.

Com as transformações vividas na Europa do final do século XVIII até a metade do século XIX, surge o primeiro jornalismo, ainda como uma prática artesanal, mas com um conteúdo racional e reflexivo, o jornal era produzido com os tipos móveis montados manualmente em uma estrutura metálica que carimbava as páginas, com tiragens pequenas e a organização composta por profissionais com funções distintas.

Com a chegada do linotipo em 1884, a montagem manual passa a ser realizada mecanicamente por uma máquina, transformando tecnologicamente a sociedade e o jornalismo, milhares de profissionais são dispensados da atividade gerando grandes conflitos sociais. O jornalismo se torna mais ágil na produção dos impressos e assim começa o Segundo Jornalismo que vai do final do século XIX até o início do século XX, com muitas tiragens, crescimento da redação e fundamentação de conceitos técnicos e teóricos como a neutralidade e o "furo" de reportagem, marcando o período como Época da Imprensa de Massa.

Os linotipos vão estar pelo mundo todo até por volta de 1980, porém a fotografia que estava em desenvolvimento desde o início do século XX, vai mudar a forma de fazer jornalismo. A técnica de escrever com a luz (foto+grafia), sendo a fotografia uma forma icônica de narrativa das notícias, mudando assim a produção industrial do jornal impresso, inaugurando processos com a fotocomposição. O século XX marca o início do Terceiro Jornalismo, com forte influência da fotografia, do cinema, da publicidade e relações públicas.

A chegada do computador marca uma revolução no jornalismo, os processos passam a ser informatizados na redação e produção gráfica, os jornais impressos adotam o uso de cores e fotografias em todas as páginas, proporcionando aos profissionais fazerem intervenções artísticas no layout, agilizando também o tempo de fechamento e impressão. Iniciando por volta 1970 o Quarto Jornalismo que é marcado pela velocidade da informatização da redação, seguida pela comunicação em rede, possibilitando a publicação de conteúdos com muita rapidez. Ocorrendo também o barateamento da produção e a aproximação do repórter com o leitor, que agora também é produtor de conteúdo.

Na virada do milênio as tecnologias de impressão de jornais evoluíram para o digital, sendo uma realidade possível. Ainda grandes empresas jornalísticas usem a impressão chamada Offset, analógica, devido as suas grandes tiragens e quantidade de páginas, os sistemas de impressão digital em grandes formatos já estão disponíveis, o que permitirá em breve a impressão do exemplar personalizado do jornal do dia, com conteúdos específicos para cada perfil de leitor.

Estamos vivendo a Era da Imagem, por causa da presença dos meios de comunicação em massa. Hoje a apresentação visual dos produtos jornalísticos é um critério para o consumo do público. A forma de apresentação dos conteúdos na página do jornal é decisiva, notícias organizadas facilita a leitura e compreensão. No passado o leitor escolhia na banca o jornal mais atraente para ler.

O sucesso editorial do jornal depende do conteúdo e a forma que são apresentadas daquilo que precisa ser lido primeiro. Existem técnicas de hierarquia de notícias, mantendo a harmonia estética em cada elemento informado, podendo ser uma foto, um título, uma legenda, etc. Para o jornalismo, matérias que estão no topo das páginas são as mais importantes, tem mais textos, fotografias maiores e o título ocupando maior quantidade de colunas.

O profissional que desenha a página de um jornal é o diagramador, artista gráfico, produtor gráfico ou designer, ele coloca os conteúdos nas áreas certas organizando de forma que não se misturem, respeitando a hierarquia das notícias. O desenho da página mantém blocos de informações mais ou menos separados uns dos outros, formando uma unidade informativa entre elementos próximos. Uma regra básica do design é a proximidade, ou seja, aproxima as notícias de interdependência e distancias o que é outra informação. Esse profissional cria padrões, referências estéticas, testa possibilidades e desenha um projeto gráfico com as regras por ele estabelecidas e aprovadas pelo responsável do jornal. O diagramador desenha cada edição de acordo com as notícias do dia, mantendo as regras permanentes de largura da coluna, tipo de letra, tamanho de títulos para os destaques, etc. Assim o jornal concebe uma identidade visual própria para ser reconhecido pelo leitor. É fundamental que os jornais apresentem bons desenhos em suas páginas formados por fotografias, bloco de textos, gráficos e áreas em branco.

Nos primeiros jornais produzidos artesanalmente a montagem das linhas de texto contendo as mensagens e notícias era uma operação básica bastante limitada. Mesmo assim já existia um domínio dos princípios de design. 

Os primeiros jornais não tinham títulos destacados e fotos, os textos seguiam um alinhamento por toda área da página. O design era presente nos elementos como nome da publicação ou logotipo, enfeites e adornos, arejamento e divisão moderada das colunas, quase sempre separadas por um fio. Referencias identificadas ainda no século XVII, com o pioneiro Niwuwe Tijdinghen de 1605 da Bélgica.

O jornalista e escritor Francisco Canteiro cria um histórico-cronológico da imprensa no mundo e relaciona os primeiros jornais impressos:

- 1605: de circulação semanal, surge na Bélgica o primeiro jornal chamado Niwuwe Tijdinghen 

1605: Nieuwe Tyjdinghen

- 1622: aparecem os primeiros anúncios em publicações periódicas inglesas, nos corantos, um sistema de cartas de notícias, editados por Thomas Archer, que também publicou o Mercurius Brittanicus.

- 1631: publicado o primeiro jornal periódico da França, chamado Gazette de France, editado pelo criador da imprensa desse pais Theophraste Reanudot.

1786: Gazette de France

- 1642: D. João IV proíbe a publicação das gazetas gerais em Portugal, considerando de que as notícias nem sempre eram verdadeiras

- 1643: surge o primeiro jornal sueco chamado de Gazeta Ordinária do Correio

- 1644: publicada a primeira defesa sobre a liberdade de imprensa, a Aeropagitica de Milton

- 1663: na Dinamarca surge o jornal denominado Gazeta Semanal Europeia

- 1702: aparece o primeiro jornal diário inglês, o Daily Courant

- 1703: autorizado por Pedro "O Grande" a publicação do primeiro jornal da Rússia, o Gazeta de Moscou

- 1725: William Bradford publica o New York Gazette, o primeiro jornal de Nova York

- 1808: considerado o primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, é publicado em Londres, dirigido por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça.

1808: Correio Braziliense

- 1808: em 10 de setembro é publicado a Gazeta do Rio de Janeiro, marco inicial da imprensa no Brasil

1808: Gazeta do Rio de Janeiro

Pesquisa por Jessica Melinda

REFERÊNCIAS:

Material Didático:

- Linguagem Jornalística e Planejamento Visual de Antônio Lucio Rodrigues Assiz

15 Ago 2021

A EVOLUÇÃO DAS ARTES GRÁFICAS

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ARTES GRÁFICAS história da fotografia IMPRENSA JORNALISMO

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